Dia do Trabalhador


Em 1974, uma semana depois do 25 de Abril, comemorou-se o 1º de Maio sem receio das cargas da polícia de choque. Em Santarém todo o quartel estava de prevenção. Lembro-me de estar na sala de oficiais a assistir, na televisão, ao desfile (à festa!) pelas avenidas de Lisboa e Porto e perante toda aquela alegria, perante todo aquele mar de gente, naquele momento unidos, emocionei-me. Fiz um comentário, manifestamente redutor, mas que traduzia a imensa alegria pelo que estava a ver: "Mesmo que o 25 de Abril não sirva para mais nada, ao menos serviu para se comemorar este 1º de Maio em liberdade."



Comemorações do 1º de Maio de 1974

A origem do "Dia do trabalhador" vem de há muito tempo, desde 1886. Foi em Chicago que em 1886 se realizou uma manifestação de trabalhadores, que reenvidicavam a redução do horário de trabalho para 8 horas diárias. Esta manifestação teve a participação de centenas de milhares de pessoas. Infelizmente como é normal nestas situações a polícia também tomou parte, dispersando a manifestação e matando dezenas de pessoas.

Quatro dias depois os operários voltaram à rua, porque achavam que a sua causa era justa independentemente das leis em vigor. Voltaram a levar pancada, 8 líderes foram presos, quatro operários foram executados e 3 foram condenados a prisão perpétua. Em 1888 a pressão internacional exigiu um julgamento justo do qual resultou a absolvição dos condenados.

A 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago.

Em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiram que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.

Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1º de Maio desse ano dia feriado.

Nos Estados Unidos da América o Dia do Trabalhador celebra-se no dia 3 de Setembro e é conhecido por "Labor Day".

Hoje, mais do que nunca, depois das grandiosas manifestações dos operários de Chicago pela luta das oito horas de trabalho e da brutal repressão patronal e policial que se abateu sobre os manifestantes, o 1º de Maio mantém todo o seu significado e actualidade.

Creio que deixou de ter um sentido de aspiração pela liberdade que adquiriu durante o Salazarismo, embora hoje essa situação se volte a colocar, para passar àquilo que foi no início, as reenvidicações por melhores condições de trabalho.

Não foi com a crise actual que as condições de trabalho se esboroaram, já há mais de 10 anos que as capacidades reenvidicativas dos trabalhadores têm vindo a perder força.

Todos somos iludidos pelos números debitados pelos governos, tanto crescimento do PIB, valor "X" do desemprego, "Y" quilómetros de auto-estradas, etc. - é isto que o povo gosta. Porque será? Acreditam mesmo que se houver auto-estradas, passam a ter carro para andar nelas? Acreditam mesmo que quando o PIB cresce uns miseráveis 2% o rendimento é dividido igualmente por todos? É incompreensível.

Não pensamos que crescimento pode ser muito diferente de desenvolvimento. É fácil de verificar, crescemos muito com a entrada na Comunidade Europeia e, verificamos agora, que continuamos um país atrasado, não sei se "em vias de desenvolvimento".

Há 120 anos atrás lutou-se pelas 8 horas de trabalho diárias. E hoje, quando não há trabalho para metade da população? O que dizem os Sociólogos? E os Economistas onde estão? Quando não chega para todos, manda a o bom-senso que se reparta o que houver. Chegamos outra vez ao horário de trabalho. Reparem as famílias desfazem-se, os filhos são entregues às instituições que só fazem parte do que se lhes pede - educar as crianças. Onde estão os pais? Estão a trabalhar, os dois, com horários que levam a que só possam conviver com os filhos aos fins-de-semana. Se assim é aumentemos os dias do fim-de-semana ou diminua-se as horas de trabalho diárias. 

Não é a primeira vez que toco neste assunto, mas gostava de ver algum sociólogo tratar este assunto e enquadrá-lo à luz do desenvolvimento humano. Fala-se muito em liberdade, mas eu não me sinto livre, sinto que só posso usufruir da liberdade formal que me concedem.

Justiça, é a palavra chave. Justiça económica, justiça social, numa palavra JUSTIÇA. Se assim funcionar, também seremos livres.

Ainda a propósito de Justiça, as leis devem ser feitas para servir e engrandecer o Homem e não para escravizar o Homem.

Têm a palavra os Sociólogos. Dos Políticos e Economistas já não espero nada. Esperei 35 anos.

Leia na Wikipédia Aqui                                                                                                                       Leia João Paulo Guerra Aqui




Sem comentários:

Enviar um comentário

BlogBlogs.Com.Br