Não se nasce Professor


Professor, profissão ou emprego? É possível uma escola inclusiva numa sociedade em que o paradigma de funcionamento é a centrifugação dos menos preparados e dos mais de 40  anos? Haverá para cada situação uma dignidade diferente?

João Ruivo escreveu um belo texto, sobre a ainda profissão de Professor, no "Blog" "A Educação do Meu Umbigo", que eu passo a disponibilizar também.

"Ser professor é uma lenta e metódica metamorfose. É um movimento perpétuo entre a lagarta e o casulo. É um vai - vem contínuo entre o saber e o desaprender. É a adaptação permanente à mudança: dos saberes, das metodologias, das culturas, das tecnologias…Ninguém nasce professor e a sua eficácia não é uma questão de sorte ou acaso. Aqui, como em tudo o resto na vida, a sorte, ou acaso, dão muito, mesmo muito trabalho.

Há um clique, um momento, uma circunstância, e muitas vezes até um imprevisto em que se escolhe ser professor. Aparentemente porque se gosta. Há quem lhe chame um chamamento interior. Outros dizem que é porque ninguém é atraído ao engano, porque se sabe bem o que essa profissão significa, já que desde tenra idade todos a conhecem por dentro.

Porém, e a partir desse singular instante, desse acordar para o futuro, tudo está por fazer. Porque se trata duma profissão artesanal: faz-se dos gestos das mãos e dos recados do coração, com recurso à uma profana mistela de tradição e de inovação.

Não se nasce professor. Um professor molda-se numa educação inicial e condiciona-se numa aprendizagem permanente, ao longo da vida. Nunca o é, mesmo quando se atreve a julgar que controla o quotidiano. Professor é erosão e reconstrução. É avanço e recuo. É acusação e vítima. É conquistador e sitiado. É lugar santo e profanado.

Ninguém nasce professor e, quem o quiser ser, é bom que saiba da gratificante e complexa tarefa que o aguarda no virar de cada esquina do seu percurso profissional.

Os decisores políticos sabem tudo isto muito bem. Melhor que muitos professores. Mas preferem fingir que o ignoram. Fica mais barato e sustenta-lhes o discurso da soberba e da desconstrução da profissão docente. Uma classe desmotivada, sem alvo e sem estratégia, é fácil de docilizar e de submeter às baixas políticas constrangidas às exigências orçamentais.

É por isso que vivemos uma conjuntura política, económica, social e até cultural que não motiva a escolha da profissão docente.

Os professores entregues a si próprios, sem acompanhamento nem adequada e suficiente formação complementar sentem sobre os seus ombros o peso da enorme responsabilidade que lhes é imputada pelo Estado e pelas famílias. Vítimas de uma angustiante solidão profissional, cativos dentro das quatro paredes da sala de aula onde trabalham, quantas vezes em condições desmoralizadoras, os docentes atingem perigosos estádios de desencanto, de desilusão e desmotivação profissional.

Por isso urge mudar os políticos e as políticas para que a profissão de professor reencontre os estímulos, incentivos, e até razões para que os docentes se envolvam num processo de motivação e evolução qualitativa das suas capacidades pessoais e profissionais.

A ausência de um código deontológico que ajude a consolidar a cultura profissional dos docentes também não permite que se atenuem os resultados negativos de todas as pressões externas e motiva mesmo o aparecimento de sensações de insegurança e de receio permanentes. Hoje, alguns professores trabalham em condições tão desanimadoras que não conseguem enfrentar com autonomia e liberdade as contradições que todos os dias encontram dentro das suas escolas.

Proclama-se uma escola inclusiva numa sociedade que não acolhe os excluídos. Pretende-se promover uma escola para todos numa sociedade em que o bem-estar e a cultura só estão ao alcance de alguns; em que a escola não consegue integrar os filhos das famílias vitimadas por políticas de incúria. Políticas essas que acentuam o desemprego, o trabalho infantil, a iliteracia, a delinquência, a violência doméstica e coagem muitos pais a verem a escola obrigatória como um obstáculo à incorporação dos filhos no mundo do trabalho, já que esta não lhes é apresentada como uma solução meritocrática, porque as políticas e os políticos se revelaram incapazes de tomar medidas que evitassem as clivagens entre os que tudo têm e os que pouco ou nada possuem.

Arvora-se uma escola em que os valores transmissíveis não encontram acolhimento em inúmeros lares, porque são constituídos por famílias disfuncionais. Uma escola onde se exige o cumprimento de currículos obsoletos e onde a máquina burocrática da administração escolar obriga a incontáveis horas de reuniões em órgãos, departamentos, comissões, sessões de atendimento…

Esta é a autêntica escola pública em que trabalha a maioria dos nossos (excelentes) professores. A escola em que também é preciso (ainda se lembram?) que os docentes tenham tempo para ensinar e os alunos encontrem momentos para aprender. Aprender, aprender sempre, porque essa é a seiva de que se faz um professor."

João Ruivo
ruivo@rvj.pt

              in "Educação do Meu Umbigo" [Aqui]

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Françoise Dolto - Recordar


Após o meus "posts" de 28 e 29 de Março, sobre a Adolescência, não resisti em colocar aqui, na minha secção de recortes, uma crónica do Daniel Sampaio, no Público de Junho de 2008, sobre Françoise Dolto.

"Faz sentido destacar o centenário do nascimento de Françoise Dolto? Vinte anos após a sua morte, será que nos deixou uma herança significativa? Hoje, Dia da Criança, será bom lembrá-la?" 
"Não é fácil responder a estas questões, porque a vida e a obra desta psicanalista francesa continuam controversas: entre aqueles que sempre a idolatraram e os que a criticaram com dureza precisamos encontrar um equilíbrio que faça justiça ao seu legado, para mim inquestionável." 
"Dolto nasceu em França em 1908 e desde criança ambicionou ser "médica de educação", segundo a sua curiosa expressão. É possível que esse interesse pela "causa das crianças" (um dos seus livros mais célebres) tivesse tido origem na sua infância, perturbada pela morte da sua irmã Jacqueline, de 18 anos, quando Françoise tinha apenas onze. Este acontecimento provocou uma grave depressão na mãe e é apontado como motivação para o desejo precoce de Françoise em "cuidar" das crianças, a partir da paixão pelo curso de Medicina e do gosto pela Pediatria que sempre a caracterizaram."
"Motivações inconscientes à parte, Dolto foi uma autora proeminente na segunda metade do séc. XX. Foi graças aos seus estudos que a criança foi considerada como portadora de uma voz própria e detentora de um saber único. Escreveu "as crianças são meus colegas, ensinaram-me tudo", corolário lógico do seu trabalho permanente de escuta activa junto dos mais novos. Falava com eles de igual para igual e, mesmo quando se ocupava de bebés, partia da comunicação não verbal para a história de vida, iniciada no desejo dos pais e concretizada no momento do nascimento. Muito antes da ecografia, intuiu que o feto poderia chuchar no dedo e postulou toda uma comunicação in utero entre a mãe e o futuro ser, numa abordagem inovadora para a época. Partindo da sua própria análise e do seu contacto com Jacques Lacan, ultrapassou as concepções freudianas clássicas e deu relevo à figura paterna, num momento em que a psicanálise parecia centrada na importância da relação com a mãe. Foram também relevantes as suas pesquisas sobre as situações de amnésia infantil, após vivências traumáticas, recordadas por Dolto na psicanálise infantil. Na última fase da sua actividade, criou uma rede de "Casas Verdes", destinadas ao acolhimento de crianças até aos três anos, num trabalho que englobava os pais e que se destinava a preparar a transição para o sistema escolar. Contemporânea de Simone de Beauvoir, não passou ao lado da questão do feminismo, com o cuidado de acentuar sempre o seu grande objectivo de vida, os direitos das crianças a serem escutadas e entendidas."
"Recordo a influência que em mim teve o seu livro "La cause des adolescents", que uma amiga me ofereceu nos anos 80, num momento em que iniciava os meus estudos sobre a adolescência e ensaiava as intervenções junto dos pais de jovens em risco, uma das linhas fundamentais da minha actividade de terapeuta. Li-o depressa, com a curiosidade de quem quer ver como um mestre lida com as nossas dificuldades, mas lembro-o sobretudo pela clareza e desassombro: foi a partir dessas páginas que me convenci de vez que ninguém pode falar sobre os adolescentes sem os ouvir e tentar entender a sua "causa"." 
"Como qualquer pessoa interveniente e inovadora, foi alvo de muitas críticas. A principal resume-se à possível influência na permissividade parental do final do século passado, geradora de crianças omnipotentes e adolescentes agressivos, uma preocupação hoje muito em voga. A verdade é outra: Dolto nunca disse que as crianças poderiam fazer o que lhes apetecesse, nem que os limites parentais seriam desnecessários. Temos de compreender que a sua obra emergiu num contexto onde as crianças eram consideradas adultos em miniatura e os bebés uma espécie de tubo digestivo a quem era preciso alimentar. Françoise Dolto demonstrou que os mais novos são pessoas, com direitos individuais e pensamento próprio, que devemos escutar sem ideias precon-cebidas nem juízos fáceis."
 "Num momento em que os avanços das neurociências permitem um melhor conhecimento do cérebro e em que são mais divulgados os problemas de maus tratos infantis, a palavra de Françoise Dolto conserva toda a actualidade: respeitar e compreender as crianças é um dever que não pode ser esquecido."
           Crónica de Daniel Sampaio no Público de 1 de Junho de 2008. (destaques são meus)

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Terra do Urso


Nascido e criado em Vale-Côvo.

Vale-Côvo, freguesia do Concelho do Bombarral, Distrito de Leiria, situa-se na região Sudoeste do Concelho a que pertence. O seu território ocupa uma área de 11,17 quilómetros quadrados, distribuídos por nove lugares (Vale-Côvo, Gamelas, Casal do Urmal, Casal das Pêgas, Casal da Cotovia, casal de Oliveirinha, Casal da Salgueirinha, casal da Lagoa e Vale Pato), tendo como freguesias limítrofes o Bombarral, a Roliça e a Moita dos Ferreiros.




Vista aérea da aldeia


"A última ceia" do Arq. António Lino
Igreja Matriz do Arq. Veloso Reis Camelo

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Como é lindo...


Hoje está um dia maravilhoso. É a Primavera. Apetece ir até à praia e repousar o olhar no mar.

A nossa costa é linda, e então vista do ar...


S. Martinho do Porto
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Palavras para Adolescentes


Livro:
"Palavras para Adolescentes - o complexo da lagosta" foi editado em França em 1989.
A edição portuguesa é de Novembro de 1991, editado pela Bertrand.
O livro tem 126 páginas. Preço actual: 3 €.


Autores:
Françoise Dolto (1908-1998) - Pediatra e Psicanalista.
Catherine Dolto Tolitch - Psicoterapeuta infantil e escritora sobre saúde infantil.
Colette Percheminter - Amiga de infância e colaboradora de Catherine.

Comentário: Dos adolescentes , Françoise Dolto dizia que eles eram como as lagostas durante a muda, sem carapaça, confrontados com todos os perigos, até ao crescimento de uma outra protecção.

É um livro com uma escrita muito simplificada, muito estruturada, nada romanceada, dirigida e muito centrada nos temas importantes na adolescência. Creio que qualquer adolescente que pegue no livro, já não o largará enquanto não o acabar.

Por aquilo que acabei de escrever parece que o livro é só para adolescentes. Nada de mais errado, o conteúdo é para ser lido também por adultos, a começar pelos pais e professores

A adolescência é uma fase insegura, por vezes dolorosa, mas muito bela porque sentimo-nos crescer. Sentimos que ganhamos autonomia e em dada altura verificamos que deixámos de ser crianças e somos adultos.

A complexidade da adolescência deriva da nossa própria natureza e a sexualidade é o mais difícil de "arrumar". Se fossemos só animais, bastavam os instintos e entre eles o instinto reprodutor. Mas somos mais evoluídos e por isso, felizmente, mais exigentes. Não nos sentimos completos, satisfeitos, só com o acto físico, necessitamos de afectos, precisamos de oferecer amor, queremos amar. Só assim nos sentimos completos, prenchidos, prenhes do outro.

As autoras do livro ao falarem directamente dos problemas, mostram que conhecem do que falam, mostram que conversaram horas infinitas com adolescentes e vão mais longe dão a palavra aos próprios adolescentes, que fazem os seus depoimentos.

Adorei quando o li a primeira vez e voltei a adorar quando o reli agora.

O livro tem dois pontos negativos. As fotografias que ilustram o livro, hoje, estam completamente desajustadas e a encadernação é de tão má qualidade que na primeira leitura que fizermos, ficamos com o livro transformado em fascículos. Podemos, neste caso, aproveitar para retirar as fotografias, que são páginas não numeradas. Vai ser penalizado na classificação devido à péssima encadernação.

Aconselho-vos, tal como fiz ontem, a consultarem alguns extractos deste livro [Aqui].

Classificação: 

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Desilusões


É tempo de fazer balanços e estes nem sempre são positivos. É preciso não esconder. É salutar pôr a descoberto as nossas fraquezas, os nossos egoísmos, as nossas hipocrisias, eu diria as nossas cobardias. Há atitudes vergonhosas, mas continuar-se-á a dizer: "Eu tenho a consciência tranquila".

Porque será? Será que já não têm consciência ou esta perdeu a validade? Já não têm coluna vertebral, são invertebrados?

António Galrinho escreveu no Blog "A Educação do meu Umbigo" um texto que merece a pena ser lido:

"Não acredito em ideologias partidárias, sobretudo nas mãos dos nossos políticos, onde não passam de farsas para embustear eleitores. Até aqui tenho tido tendência para acreditar mais em pessoas do que em ideologias. Mas, nos tempos que correm, devo acreditar em quem?"

"Disse-se muito por aí que a Ministra da Educação teve o condão de unir os professores. Houve até quem lhe agradecesse por tal. Nada mais ilusório. Os professores nunca foram nem nunca serão unidos. É a nossa sina. Vimos de diferentes formações, de diferentes sensibilidades. Muitos de nós vieram para esta profissão só para experimentar; seria uma coisa provisória, por uns anos, para ver como era. Muitos por cá ficaram, sobretudo por não terem tido garra para daqui fugir. Alguns por cá andam mas têm outra profissão. Muitos se apaixonaram pelo Ensino, é certo, mas também entre esses há muitos que fugiriam se pudessem. Não há paixão que dure tanto."

"Os vários sindicatos de professores são uma evidência da desunião que sempre grassou nesta classe. Parecemos unidos entre 100 mil, parecemos capazes de tudo entre 120 mil, parecemos poderosos quando fazemos greve entre mais de 90% dos nossos colegas, parecemos decididos quando em moções assinamos o nosso nome entre centenas ou milhares."

"Parecemos unidos quando nos escondemos, mas borramo-nos de medo quando é preciso mostrar a cara e tomar decisões individualmente, sobretudo quando estas envolvem riscos."
Continuar no Blog "A Educação do meu Umbigo"

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Educação para a Sexualidade


Mais do que "Educação Sexual" devíamos falar de "Educação para a Sexualidade". Tão importante como o conhecimento morfológico e o funcionamento fisiológico do adolescente, é conseguir levá-lo a concluir que a relação humana, a relação dos afectos, é que nos lança numa outra dimensão, que merece a pena ser vivida.

A sociedade evoluiu, hoje já não faz sentido considerar que o relacionamento sexual tem necessariamente uma finalidade reprodutiva. Sexo e reprodução já não andam sempre juntos. Mas, a ignorância e a imaturidade faz com que haja cada vez mais mães adolescentes e pré adolescentes.

Perante esta situação, faz mais sentido falar em Educação para a Sexualidade do que ficarmo-nos somente pela Educação Sexual.

O adolescente, no seu desenvolvimento, físico e emocional, sente medo. Tem medo do desconhecido e medo de não ser igual aos outros. Esta situação é ainda agravada pela fanfarronice própria da idade, e usada por alguns colegas para aparentarem uma maturidade superior, muitas vezes eivada de mitos.

Tudo isto é muito delicado, sobretudo quando se pretende generalizar a Educação Sexual (que eu defendo) nas escolas. Educar sexualmente, não significa passar apenas informação sobre sexo. É fundamental que sejam trabalhados os valores, as atitudes, contactos pessoa/pessoa e os comportamentos. A Educação Sexual, não pode ser só falar do aspecto biológico, terão de ser trabalhados os afectos, sentimentos e emoções.

Quem está preparado para assumir esta responsabilidade? Se o professor/pai não tiver a sua sexualidade bem resolvida, acabará por desenvolver este tema num tom onde acaba por ser detectada inquietação e frustração.

Quem lidar com adolescentes tem de ter a capacidade de transmitir autenticidade, empatia, respeito e confiança. Isto não se consegue com cursos apressados de reciclagem.

Numa qualquer abordagem é sempre importante que os temas sejam lançados, discutidos, reflectidos, sem que a opinião do professor/pai/mãe seja imposta como verdade absoluta. Isto não é relativizar, devemos nestas situações emitir as nossas opiniões e defendê-las, sabendo que por vezes, elas não serão aceites.

A leitura de alguns textos em que os próprios adolescentes falam deles próprios, ajuda o indivíduo a sentir-se acompanhado. Verifica que há mais pessoas a sentir como ele e isso é fundamental para um crescimento equilibrado.

Amanhã apresentarei um livro que vai neste sentido. Hoje é mais fácil encontrar um bom livro sobre este tema, mas este de que vos falo é já antigo, tem uma edição portuguesa de 1991.

A Amizade é central no desenvolvimento do adolescente. Deixo-vos hoje com um poema escrito por uma adolescente de 16 anos, sobre a Amizade.

A Amizade:

                                É uma palavra emprestada.

                                São duas palavras dadas.

                                É um coração a nú simplesmente.

                                É um grito, incontido magnificamente.

                                É um Verão.

                                É um espelho.

                                É tudo, é nada.

                                São laços, é loucura.

                                É a maior obra de cumplicidade.

                                Não se manobra, porque não é calculada.

                                É um fascínio tranquilizador.

                                É bela e sólida, como a árvore no campo.

                                É quente e viva, como os apelos do vento.

                                É longa como estrada ao sol.

                                É calma como o menino que dorme.

                                É bela muito para além das palavras.

                                É infinita.

                                É enfim,

                                A AMIZADE.

                                                                   Céline, 16 anos

"Palavras para Adolescentes" [Aqui] - (extractos)

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Orientação de Voto


  • Se aprecia o Freeport (ou será Freepor?) ...........................................................................Vote PS
  • Se a sua "inclinação" vai para o BPN.................................................................................. Vote PSD
  • Se a sua "fixação" são Submarinos ................................................................................. Vote CDS
  • Se a sua cor preferida é o Vermelho ................................................................................ Vote PCP
  • Se está convencido que é Intelectual ................................................................................ Vote BE
  • Se não aprecia nada do que lhe proponho e não quer desperdiçar o voto ................... Vote BRANCO
  • Se espera uma melhoria na qualidade dos nossos representantes ......................... Espere SENTADO

Pois é, depois desta brincadeira voltemos às coisas sérias com um poema de Brecht (façam as alterações que entenderem necessárias):

           Dificuldade de governar
Todos os dias os ministros dizem ao povo 
Como é difícil governar. Sem os ministros 
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima. 
Nem um pedaço de carvão sairia das minas 
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda 
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra 
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol 
Sem a autorização do Führer? 
Não é nada provável e se o fosse 
Ele nasceria por certo fora do lugar. 

E também difícil, ao que nos é dito, 
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão 
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem. 
Se algures fizessem um arado 
Ele nunca chegaria ao campo sem 
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem, 
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que 
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural? 
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas. 

Se governar fosse fácil 
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer. 
Se o operário soubesse usar a sua máquina 
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas 
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários. 
E só porque toda a gente é tão estúpida 
Que há necessidade de alguns tão inteligentes. 

Ou será que 
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira 
São coisas que custam a aprender?

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Parábola do Professor


Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Depois, tomando a palavra, ensinou-os dizendo:

Em verdade vos digo, bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles...


Pedro interrompeu: -Temos que aprender isso de cor?
André disse: -Temos que copiá-lo para o caderno?
Tiago perguntou: -Vamos ter teste sobre isso?
Filipe lamentou-se: -Não trouxe o papiro-diário.
Bartolomeu quis saber: -Temos de tirar apontamentos? 
João levantou a mão: -Posso ir à casa de banho?
Judas exclamou: -Para que é que serve isto tudo?
Tomé inquietou-se: -Há fórmulas, vamos resolver problemas?
Tadeu reclamou: -Mas porque é que não nos dás a sebenta e pronto!?
Mateus queixou-se: -Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus presentes, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo:

-Onde está a tua planificação?
-Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada?
-E a avaliação diagnóstica?
-E a avaliação institucional?
-Quais são as tuas expectativas de sucesso?
-Tendes para a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão?
-Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios?
-Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a significatividade do processo de ensino-aprendizagem?
-Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo?
-E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais?
-Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes?
-Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares?

Caifás, o pior de todos, disse a Jesus:

-Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso. 
-Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada. E vê lá se reprovas alguém! 
-Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva.


    ... E Jesus pediu a reforma antecipada,  aos trinta e três anos...

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No país do "Faz de Conta"


Está bem, façamos de conta.

Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?).

Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês.

Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível.

Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu.

Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação.

Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.

Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva".

Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda).

Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.

Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal.

Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também.

Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus.

Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores.

Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República.

Façamos de conta que não há SIS.

Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso.

Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos.

Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas.

Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja.

Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.

Mário Crespo, JN


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O Sonho comanda a Vida


Manuel Freire, trovador português, inicia-se em 1968 num EP com as canções "Dedicatória, "Eles", "Livre" e "Pedro Soldado". Em 1969 vai à televisão, ao programa Zip-Zip, com a canção "Pedra Filosofal" com poema de António Gedeão.

É esta a minha escolha para esta semana, porque é "o Sonho que comanda a Vida".


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Fica tudo dito


Sou Professor

"Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.

Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação económica dos indivíduos ou das classes sociais.

Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura.

Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.

Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a favor da beleza da minha própria prática, beleza que desaparece se não cuido do saber que devo ensinar, se não luto por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste."


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Educar, como?


Já repararam que há cada vez mais crianças ditas "hiperactivas", cada vez mais crianças, com menos de dez anos, encharcadas em medicamentos calmantes porque nem os pais nem os professores conseguem que estes indivíduos tenham comportamentos socialmente aceitáveis?

Estaremos em presença de um processo degenerativo da espécie humana ou será outra coisa que,  embora à nossa frente, nos recusamos a ver?

Hoje todos nos sentimos, de alguma maneira, psicólogos, - "De médico e de louco todos temos um pouco". Basta-nos ter lido um livro sobre "Como educar o seu filho", para ficarmos paralisados, sem saber que atitude tomar e principalmente "quando". Temos medo que os nossos filhos fiquem "traumatizados" (palavra da moda) e, como não temos certezas, ficamos parados. De todas as opções esta é a pior de todas.

As crianças precisam de regras para se sentirem seguras, precisam de pais firmes e coerentes nas suas atitudes, precisam de "pais-pais" e não "pais-irmãos". É triste ver na rua, nos supermercados, crianças de 5 e 6 anos a mandarem nos pais e mais triste ainda o ar dos pais, completamente desorientados. Daqui a uma consulta num psiquiatra ou num psicólogo vai um pequeno passo. Mais tarde ou mais cedo lá aparecem os calmantes para resolver um problema que a maioria das vezes não requer um acto médico, só um pouco de bom senso.

Demestifiquemos,  "Autoridade" é uma coisa, "Autoritarismo" é outra completamente diferente.

Na Visão de 19 de Março vem uma entrevista com o pediatra francês, Aldo Naouri, que propõe uma reflexão sobre a relação sociedade-família e defende que as regras de conduta devem ser definidas pelos pais,  ponto final.

"Para os pais dizer "não" é um resquício de autoritarismo que antes condenavam. Só que, assim, deixam o filho entregue à tirania das suas pulsões, sem saber como combatê-las. Fará o seu caminho com condutas cada vez mais provocatórias. E, afinal, os pais podem e devem, dizer "não", sem ter de explicar tudo e mais alguma coisa"
No Blog "A Educação do Meu Umbigo", de onde retirei a informação da Visão, tem vários comentários ao "post", de onde eu tomei a liberdade de reproduzir dois:

Disse a Cristina Morais:

"E quem lida com estas crianças em serviços de Pedopsiquiatria sabe que a essência do artigo é verdadeira.
Habitualmente uma percentagem elevada de todas as crianças que são internadas nestes, são crianças que não conhecem as regras básicas da educação, são crianças que fazem tudo o que lhes apetece, a quem os pais deixam fazer tudo, inclusivé não aparentam ter crítica naquilo que fazem no dia-a-dia, acham normal o menino bater nos professores, nos profissionais de saúde, etc. quando não conseguem controlar o menino, porque bate neles também, vão com o menino para as Urgências … por isso se fala tanto em famílias disfuncionais…"

Disse a Ana Henriques:

"Os sistemas familiares são organizados hierarquicamente. De pais para filhos. Se tal não se verificar estamos perante patologia relacional tanto ou mais grave se determinada sintomatologia se instalar num dos membros. Designa-se, a este sujeito, em terapia familiar de PI (Paciente Identificado). Ou seja, um elemento desse sistema exibe o sintoma de patologia do funcionamento familiar. O sistema de comunicação (conteúdo e relação) estão afectados. As consequências são graves para todos os membros do sistema familiar. No caso de crianças e jovens acarretam problemas muito graves e sérios a todos os níveis do seu desenvolvimento.
A nível dos sistema escolar, entendido como relação professor-alunos, passa-se exactamente do mesmo modo. O sistema é hierarquizado. De professores para alunos.
Se estiver “invertido” é disfuncional.
Gravíssimo.

Não existe ninguém do campo da Psicologia, da Saúde Mental que não o saiba e não esteja muito preocupado (…)

É inqualificável o que se está a passar em Portugal!!! Não há palavras."


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Cultura Matemática Básica


A Escola tem um grande objectivo, conseguir que todos os alunos adquiram conhecimentos básicos nas várias áreas do saber. Com o tempo e com a aquisição de novas competências, passamos a usufruir de uma Cultura Básica que permite sermos úteis à sociedade.

Todos nós cometemos erros, mas é interessante como a sociedade penaliza (e bem) qualquer indivíduo que escreva publicamente com erros ortográficos e consegue sempre encontrar uma qualquer desculpa esfarrapada quando se cometem erros matemáticos básicos. É também por esta atitude desculpabilizante que os nossos alunos sentem que ser ignorante a matemática não é grave.

Assim, não é de admirar que os alunos fujam de qualquer curso que tenha por base conhecimentos avançados de matemática. Mas, e aqueles que escolhem uma formação superior nas áreas Humanísticas, estão dispensados dos conhecimentos básicos de matemática?

No 8º Juízo Cívil da Comarca de Lisboa, um douto Juiz atendeu o recurso de um cidadão a  quem,  anteriormente, tinha sido penhorado 1/6 do ordenado e determinou: "Assim, determina o Tribunal proceder à redução da penhora do vencimento do executado para 1/5 do vencimento".

Permitam-me um pouco de especulação: Acredito que este Juiz deverá ter menos de 45 anos. Porque direi eu isto?



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