Educar, como?


Já repararam que há cada vez mais crianças ditas "hiperactivas", cada vez mais crianças, com menos de dez anos, encharcadas em medicamentos calmantes porque nem os pais nem os professores conseguem que estes indivíduos tenham comportamentos socialmente aceitáveis?

Estaremos em presença de um processo degenerativo da espécie humana ou será outra coisa que,  embora à nossa frente, nos recusamos a ver?

Hoje todos nos sentimos, de alguma maneira, psicólogos, - "De médico e de louco todos temos um pouco". Basta-nos ter lido um livro sobre "Como educar o seu filho", para ficarmos paralisados, sem saber que atitude tomar e principalmente "quando". Temos medo que os nossos filhos fiquem "traumatizados" (palavra da moda) e, como não temos certezas, ficamos parados. De todas as opções esta é a pior de todas.

As crianças precisam de regras para se sentirem seguras, precisam de pais firmes e coerentes nas suas atitudes, precisam de "pais-pais" e não "pais-irmãos". É triste ver na rua, nos supermercados, crianças de 5 e 6 anos a mandarem nos pais e mais triste ainda o ar dos pais, completamente desorientados. Daqui a uma consulta num psiquiatra ou num psicólogo vai um pequeno passo. Mais tarde ou mais cedo lá aparecem os calmantes para resolver um problema que a maioria das vezes não requer um acto médico, só um pouco de bom senso.

Demestifiquemos,  "Autoridade" é uma coisa, "Autoritarismo" é outra completamente diferente.

Na Visão de 19 de Março vem uma entrevista com o pediatra francês, Aldo Naouri, que propõe uma reflexão sobre a relação sociedade-família e defende que as regras de conduta devem ser definidas pelos pais,  ponto final.

"Para os pais dizer "não" é um resquício de autoritarismo que antes condenavam. Só que, assim, deixam o filho entregue à tirania das suas pulsões, sem saber como combatê-las. Fará o seu caminho com condutas cada vez mais provocatórias. E, afinal, os pais podem e devem, dizer "não", sem ter de explicar tudo e mais alguma coisa"
No Blog "A Educação do Meu Umbigo", de onde retirei a informação da Visão, tem vários comentários ao "post", de onde eu tomei a liberdade de reproduzir dois:

Disse a Cristina Morais:

"E quem lida com estas crianças em serviços de Pedopsiquiatria sabe que a essência do artigo é verdadeira.
Habitualmente uma percentagem elevada de todas as crianças que são internadas nestes, são crianças que não conhecem as regras básicas da educação, são crianças que fazem tudo o que lhes apetece, a quem os pais deixam fazer tudo, inclusivé não aparentam ter crítica naquilo que fazem no dia-a-dia, acham normal o menino bater nos professores, nos profissionais de saúde, etc. quando não conseguem controlar o menino, porque bate neles também, vão com o menino para as Urgências … por isso se fala tanto em famílias disfuncionais…"

Disse a Ana Henriques:

"Os sistemas familiares são organizados hierarquicamente. De pais para filhos. Se tal não se verificar estamos perante patologia relacional tanto ou mais grave se determinada sintomatologia se instalar num dos membros. Designa-se, a este sujeito, em terapia familiar de PI (Paciente Identificado). Ou seja, um elemento desse sistema exibe o sintoma de patologia do funcionamento familiar. O sistema de comunicação (conteúdo e relação) estão afectados. As consequências são graves para todos os membros do sistema familiar. No caso de crianças e jovens acarretam problemas muito graves e sérios a todos os níveis do seu desenvolvimento.
A nível dos sistema escolar, entendido como relação professor-alunos, passa-se exactamente do mesmo modo. O sistema é hierarquizado. De professores para alunos.
Se estiver “invertido” é disfuncional.
Gravíssimo.

Não existe ninguém do campo da Psicologia, da Saúde Mental que não o saiba e não esteja muito preocupado (…)

É inqualificável o que se está a passar em Portugal!!! Não há palavras."


          Ler entrevista de Aldo Naouri Aqui e Aqui

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