Escola a tempo inteiro


Na sociedade de hoje e com os pais cada vez mais ocupados nos seus empregos, as crianças crescem cada vez mais desamparadas das suas famílias. Não é concerteza um crescimento saudável. O apoio e o carinho familiar são importantissímos e o valor da família é inquestionável na formação da criança e não há escola que supere isso. Mais tempo na escola apenas serve para amenizar os problemas criados por uma sociedade mecanizada e impessoal onde o trabalho, cada vez mais exigente, rouba continuamente o espaço que deveria ser dedicado à família.

Na sociedade actual a inversão está completa. Não se trabalha para o bem social, mas sim para a saúde económica das empresas. Por isso, os trabalhadores sentem que, cada vez mais, têm um emprego e não uma profissão. Nesta situação caminhamos para uma sociedade doente e perigosa.

Nos últimos trinta anos, os saltos tecnológicos foram enormes, a produtividade aumentou exponencial-mente, mas os ganhos sociais foram residuais. Cada vez trabalha-se mais e durante mais tempo e cada vez é mais difícil cumprir um direito social fundamental: o direito ao trabalho.

A sociedade está madura para dar um salto qualitativo na sua organização social. Não havendo trabalho para todos, há que distribui-lo. Para que todos possam trabalhar é necessário que cada um ocupe menos tempo no seu local de trabalho. É difícil? Claro que é. Também foi difícil a sociedade abdicar da escravatura. Também foi difícil os empresários aceitarem as 8 horas de trabalho diário. Também foi difícil considerar o Sábado como fim-de-semana. Reparem, até nestes pontos, supostamente indicutíveis, há regressões. Já se labora durante 10 e mais horas diariamente. Com esta evolução social, que filhos podemos criar? Que formação lhe podemos dar? A solução passa por ter as escolas abertas durante 12 horas?

Não, não e não!

Não quero ver os meus netos em escolas a que poderiamos chamar "depósitos de crianças" como muitos lares são "depósitos de velhos".

Não foi esta a sociedade que idealizei, não é esta a sociedade que quero. Quero uma sociedade onde as pessoas sejam e se sintam humanas, não quero uma sociedade robotizada. Não quero que se cumpra o que George Orwell escreveu.


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