Educação para a Sexualidade


Mais do que "Educação Sexual" devíamos falar de "Educação para a Sexualidade". Tão importante como o conhecimento morfológico e o funcionamento fisiológico do adolescente, é conseguir levá-lo a concluir que a relação humana, a relação dos afectos, é que nos lança numa outra dimensão, que merece a pena ser vivida.

A sociedade evoluiu, hoje já não faz sentido considerar que o relacionamento sexual tem necessariamente uma finalidade reprodutiva. Sexo e reprodução já não andam sempre juntos. Mas, a ignorância e a imaturidade faz com que haja cada vez mais mães adolescentes e pré adolescentes.

Perante esta situação, faz mais sentido falar em Educação para a Sexualidade do que ficarmo-nos somente pela Educação Sexual.

O adolescente, no seu desenvolvimento, físico e emocional, sente medo. Tem medo do desconhecido e medo de não ser igual aos outros. Esta situação é ainda agravada pela fanfarronice própria da idade, e usada por alguns colegas para aparentarem uma maturidade superior, muitas vezes eivada de mitos.

Tudo isto é muito delicado, sobretudo quando se pretende generalizar a Educação Sexual (que eu defendo) nas escolas. Educar sexualmente, não significa passar apenas informação sobre sexo. É fundamental que sejam trabalhados os valores, as atitudes, contactos pessoa/pessoa e os comportamentos. A Educação Sexual, não pode ser só falar do aspecto biológico, terão de ser trabalhados os afectos, sentimentos e emoções.

Quem está preparado para assumir esta responsabilidade? Se o professor/pai não tiver a sua sexualidade bem resolvida, acabará por desenvolver este tema num tom onde acaba por ser detectada inquietação e frustração.

Quem lidar com adolescentes tem de ter a capacidade de transmitir autenticidade, empatia, respeito e confiança. Isto não se consegue com cursos apressados de reciclagem.

Numa qualquer abordagem é sempre importante que os temas sejam lançados, discutidos, reflectidos, sem que a opinião do professor/pai/mãe seja imposta como verdade absoluta. Isto não é relativizar, devemos nestas situações emitir as nossas opiniões e defendê-las, sabendo que por vezes, elas não serão aceites.

A leitura de alguns textos em que os próprios adolescentes falam deles próprios, ajuda o indivíduo a sentir-se acompanhado. Verifica que há mais pessoas a sentir como ele e isso é fundamental para um crescimento equilibrado.

Amanhã apresentarei um livro que vai neste sentido. Hoje é mais fácil encontrar um bom livro sobre este tema, mas este de que vos falo é já antigo, tem uma edição portuguesa de 1991.

A Amizade é central no desenvolvimento do adolescente. Deixo-vos hoje com um poema escrito por uma adolescente de 16 anos, sobre a Amizade.

A Amizade:

                                É uma palavra emprestada.

                                São duas palavras dadas.

                                É um coração a nú simplesmente.

                                É um grito, incontido magnificamente.

                                É um Verão.

                                É um espelho.

                                É tudo, é nada.

                                São laços, é loucura.

                                É a maior obra de cumplicidade.

                                Não se manobra, porque não é calculada.

                                É um fascínio tranquilizador.

                                É bela e sólida, como a árvore no campo.

                                É quente e viva, como os apelos do vento.

                                É longa como estrada ao sol.

                                É calma como o menino que dorme.

                                É bela muito para além das palavras.

                                É infinita.

                                É enfim,

                                A AMIZADE.

                                                                   Céline, 16 anos

"Palavras para Adolescentes" [Aqui] - (extractos)

1 comentário:

Rafael Gomes disse...

Para ter um papel de educador no campo da sexualidade é necessário primeiro que tudo saber do que realmente este tema se trata.
Sendo um tema complexo e estruturante de um indivíduo não basta estar no currículo do aluno para ficarmos descansados. No campo de formação pessoal não basta estar no sumário para que a formação esteja concluída.
Com isto quero dizer que o importante não é "resolvermos" a sexualidade de cada um mas sim darmos ferramentas para que o jovem possa compreender e trabalhar a sua sexualidade. Tudo isto é um processo.
Quem deve ter este papel formador?
Se é nas escolas (através dos professores) não sei, pois não tenho elementos suficientes para tomar uma posição.
Contudo os pais que não cruzem os braços pois como disse anteriormente não vai ser o sumario das aulas que os vai salvar. Sendo um tema estruturante de um individuo nas mais variadas dimensões, a própria vivência em casa quer ao nível de relacionamentos, quer pelo exemplo e testemunho que os pais dão, vão ser uma grande componente na formação da sexualidade de cada um.
Quer haja ou não educação para a sexualidade nas escolas os pais continuam com uma responsabilidade educadora.

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