25 Abril

Cronologia parcial da Revolução:

24/4/74 - 17:30 - Grupo L34
Este grupo de oficias da Academia Militar tinha uma Missão específica: - Missão - Captura do Comandante do Regimento de Cavalaria 7, Cor. António Romeiras, a principal unidade afecta ao regime. - Constittuição - Capitães Alves Martins, Ribeiro da Silva, Morais Silva, Faria de Oliveira e oTenente Américo Henriques. Os elementos do Grupo efectuaram reconhecimentos junto à residência do Cor. Romeiras, na Praça de Londres.

24/4/74 - 20:00 - PREPARATIVOS PARA A TRANSMISSÃO DA 2.ª SENHA
O locutor Leite Vasconcelos (em dia de folga no Limite) é convocado por Manuel Tomás para "gravar poemas", um dos seus trabalhos de rotina era precisamente gravar os poemas diariamente transmitidos pelo Limite. Carlos Albino escreve então dois textos intencionais para serem visados pelo censor, com a finalidade de «envolver» a senha. Censor autoriza textos e alinhamento. Na Renascença, são efectuadas as gravaçõe dos textos por Leite Vasconcelos que desconhece o seu objectivo.
24/4/74 - 21:00 - Escola Prática de Transmissões, Lisboa (EPT)
Foram montadas escutas às redes de comunicação da GNR, LP, DGS e PSP. Igualmente foram montadas escutas telefónicas permanentes ao Ministro e Subsecretário de Estado do Exército, Chefe do Estado Maior do Exército e Ministro da Defesa. Abertura de comunicação com linha directa ao Posto e Comando da Pontinha. Estas acções foram possíveis porque dois antes se iniciaram preparativos técnicos necessários, incluindo a montagem de cerca de 4 Km de cabo em menos de 24 horas. As operações foram dirigidas pelo Cap. Fialho da Rosa contando com as valiosas colaborações dos Cap. Veríssimo da Cruz e Madeira e ainda do Furriel Cenoura.
24/4/74 - 22:00 - POSTO DE COMANDO DO MFA
Está Reunido, no Regimento de Engenharia n.º 1 (RE1) na Pontinha Lisboa, o Postos de Comando (PC) do Movimento das Forças Armadas (MFA), com as presenças: - Major Otelo Saraiva de Carvalho - Capitão-Tenente Vítor Crespo - Major Sanches Osório - Ten-Cor. Garcia dos Santos - Ten-Cor. Fisher Lopes Pires Mais tarde, vindo de Tomar, juntar-se-ia o Major Hugo dos Santos. O Capitão Luis Macedo, oficial da unidade, garantia a segurança do Posto de Comando. Presente ainda o Major José Maria Azevedo dando apoio ao Posto de Comando.
24/4/74 - 22:55 - 1.º SINAL
Avoz de João Paulo Dinis anuncia aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74 «E Depois do Adeus». Era o primeiro sinal para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas.
24/4/74 - 23:00 - Escola Prática de Artilharia, Vendas Novas (EPA)
Foram presos o Comandante e 2.º Comandante da Unidade. Foram ocupadas as Centrais Rádio e Telefónica. Foram presos a totalidade dos sargentos que não aderiram. Os Furriéis e cabos Milicianos aderiram na totalidade. O Cap. Santos Silva chega entretanto à Unidade e assume o seu Comando falando aos restantes oficiais que de imediato aderem ao movimento. Estas acções foram executadas pelos Capitães Mira Monteiro, Patrício e os Tenentes Andrade Silva, António Pedro, Sales Grade, Ruaz e Nave.
24/4/74 - 23:30 - Batalhão de Caçadores 5 em Lisboa (BC5)
O Maj. Fontão convoca os 30 Oficiais que constituiam o núcleo seleccionado e outros que se encontravam na unidade e comunica-lhes os objectivos do Movimento e outros elememtos de interesse. Convidados a aderir fazem-no sem excepção. São mandados equipar e armar.
25/4/74 - 00:00 - Escola Prática de Artilharia, Vendas Novas (EPA)
Formatura geral na parada sendo distribuidas funções: - Comando: Cap. Santos Silva; Adjuntos Tenentes Martins Ruaz, Sales Grade e Sousa Brandão. - Bataria de Artilharia 8.8 cm (BTR 8.8) - Cmt. Cap. Oliveira Patrício; Subalternos Tenentes Marques Nave, Almas Imperial, Pereira de Sousa e Aspirantes Milicianos Tolentino e Gonçalves. - Bataria de Artilharia 10.5 cm (BTR 10.5) - Cmt. Cap. Duarte Mendes; Subalternos Alferes Gaspar Madeira e Formeiro Monteiroe Asp. Mil. Guerra. - Companhia Art. Motorizada (4 Pelotões) - Cmt. Cap. Mira Monteiro; Subalternos Tenentes Andrade da Silva, António Pedro, Ribeiro Baptista, Amilcar Rodrigues, e Aspirantes Mil. Carvalho e Salgueiro. - Reserva (3 Pelotões) - Cmt. Cap. Canatário Serafim; Subalterno Tenente Jesus Duarte e Alf. Mil. Medeiros.
25/4/74 - 00:15 - Batalhão de Caçadores 5 em Lisboa (BC5)
São reunidos todos os Sargentos e Cabos Milicianos presentes na Unidade. Informados de forma idêntica aos Oficiais, aderem sem excepção. São encaminhados para se juntarem aos oficiais das respectivas Companhias.
25/4/74 - 00:20 - 2.ª SENHA TRANSMITIDA PELA RÁDIO RENASCENÇA.
Paulo Coelho é o locutor de serviço, nessa noite, no «Limite». Sem saber dos compromissos assumidos por dois dos seus colegas, Carlos Albino e Manuel Tomás, quase faz perigar a transmissão da senha à hora exacta por ter antecipado a leitura de anúncios publicitários. Mas, após alguns momentos de tensão, no final da leitura do primeiro anúncio, Manuel Tomás , também presente na cabine técnica, consegue, dando um pequeno safanão (aparentemente sem intenção) na mão do técnico de som José Videira, provocar o arranque da bobine que contém a senha. Então, pela voz previamente gravada de Leite de Vasconcelos, através dos potentes emissores da Rádio Renascença, ouve-se a primeira quadra da canção Grândola, Vila Moreno, de José Afonso. Já no final da transmissão o agente da Censura, ali presente, dá sinais de que escutara algo que não previa.
25/4/74 - 00:20 - REGIMENTO DE ARTILHARIA LIGEIRA 1 (RAL1)
Esta unidade, à entrada da Auta Estrada do Norte tinha sido reforçada por por elementos do Regimento de Lanceiros 2 com capacidade de comunicação autónoma directa ao Regimento e dois Carros de Combate M-47 operacionais. O oficial do MFA, Cap. Rosário Simões tinha acordado que a sua missão seria neutralizar a unidade evitando a sua acção contra o Movimento, pois a maioria dos oficiais não era aderente. Na véspera foram sabotadas as Bocas de Fogo por forma a não poderem ser utilizadas, mas com capacidade de retorno rápido caso elas viessem a ser necessárias para o Movimento.
25/4/74 - 00:20 - Escola Prática de Administração Militar, Lisboa (EPAM)
Faziam parte do Movimento os Seguinte oficiais: Cap. Teófilo Bento, Carlos Gaspar, Filipe Henriques, Jesus, Tenentes Matos Borges, Santos Silva, Félix Pereira, Ávila, Cerdeira e Alferes Geraldes e Martins. Após ser ouvida a mensagem de confirmação no rádio são presos os oficiais de dia e de prevenção. O Cap. Gaspar assume o oficial de dia.
25/4/74 - 00:30 - ESCOLA PRÁTICA DE INFANTARIA, MAFRA (EPI)
Cap. Rui Rodrigues e Aguda e ordenam a formatura da Companhia de Intervenção, a três bigrupos de 50 homens. O Cap. Silvério põe em execução o planeamento de defesa da unidade. O Cor. Jasmins de Freitas é chamado à unidade onde os Maj. Aurélio Trindade (a dirigir a actividade do Movimento) e Cerqueira Rocha põem o coronel a par da situação e convidam-no a assumir o comando da unidade, que aceita.
25/4/74 - 00:30 - Regimento de Infantaria 14 - Viseu (RI14)
Os Cap. Gertrudes da Silva, Arnaldo Carvalhais, Silveira Costeira, Aprígio Ramalho, Ferreira do Amaral, Amândio Augusto entram na unidade e iniciam preparativos com o controlo interno da unidade.
25/4/74 - 00:45 - Escola Prática de Cavalaria de Santarém (EPC)
O Maj. Costa Ferreira e os Cap. Garcia Correia, Bernardo e Aguiar tentam aliciar o 2.º Comandante da unidade, Ten.Cor. Sanches a aderir ao Movimento, sem sucesso. Todos os outros oficiais que se encontravam na unidade aderiram.
25/4/74 - 01:30 - Escola Prática de Cavalaria de Santarém (EPC)
Foi dada ordem para acordar todo o pessoal e formar na parada onde cada Comandante de Esquadrão pôs ao corrente a situação o pessoal sob suas ordens e da parte destes a adesão foi total, ao ponto de a quase totalidade quererem marchar sobre Lisboa.
25/4/74 - 03:20 - Escola Prática de Cavalaria de Santarém (EPC)
Todo o pessoal se encontrava equipado, armado e municiado com duas rações de combate por homem.
25/4/74 - 03:30 - Escola Prática de Cavalaria de Santarém (EPC)
A coluna sai em direcção a Lisboa sob o Comando do Cap. Salgueiro Maia, com a Missão de se instalar em Lisboa e controlar os acessos ao Banco de Portugal, Companhia Portuguesa Rádio Marconi e Terreiro do Paço. A coluna era composta por um Esquadrão de Reconhecimento a 10 Viaturas Blindadas e um Esquadrão de Reconhecimento a 160 homens com 12 viaturas de transporte, 2 Ambulâncias e 1 Jeep.
25/4/74 - 04:25 - POSTO DE COMANDO (PC)
A esta hora os principais objectivos estão tomados ou sob controlo. Outras forças do movimento deslocam-se para os seus objectivos. Consumada a ocupação do Aeroporto de Lisboa pode ser dada ordem para os elementos do PC no Rádio Clube Português transmitissem o 1.º Comunicado do MFA.
25/4/74 - 05:00 - REGIMENTO DE CAVALARIA 7 - FORÇAS DO REGIME
O Coronel Romeiras Júnior, comandante de Cavalaria 7, está no Gabinete do Ministro do Exército, dando ordens para o seu regimento, Major Pato Anselmo, para preparar os Carro de Combate para sair.
25/4/74 - 05:30 - Escola Prática de Cavalaria (EPC)
Dentro de Lisboa a coluna passa por forças da PSP e Polícia de Choque estacionadas no Campo Grande e Fontes Pereira de Melo, sem interferirem.
25/4/74 - 05:50 - Escola Prática de Cavalaria (EPC)
A coluna da EPC chega à Baixa. É montado um dispositivo na Rua do Ouro e ocupados o Banco de Portugal e a Rádio Marconi.
25/4/74 - 06:00 - Escola Prática de Cavalaria (EPC)
A coluna da EPC chega ao Terreiro de Paço. Ao entrarem no Terreiro do Paço encontrava-se um dispositivo da PSP , que cercava a zona, que não interferindo com a acção colaborou no isolamento a civis da área. O Cap. Salgueiro Maia transmite para o PC: "Informo que ocupamos Toledo (T.Paço), Bruxelas (Banco de Portugal), Viena (Rádio Marconi).
25/4/74 - 06:15 - FORÇAS DO REGIME
Deu entrada no Terreiro do Paço um pelotão reforçado de Auto-Metralhadoras Ligeiras Chaimite do RC7, comandadas pelo Alf. Mil. David e Silva que de imediato adere ao Movimento. O Ministério do Exército era guardado por 2 Pelotões de Polícia Militar comandados pelo Asp. Saldida que se colocaram de imediato às ordens do Cap. Salgueiro Maia. Destes pelotões ficaram dentro do Ministério sete homens que não puderam saiar porque os portões se encontravam encerrados. Estes elementos viriam a ser obrigadas a dar apoio à fuga do Ministro do Exército.
25/4/74 - 06:45 - REGIMENTO DE CAVALARIA 7 - FORÇAS DO REGIME
Com o Posto de Comando do Regime em Lanceiros 2, é lançada a contra-ofensiva. Uma Força de cinco carros de combate M/47 e autometralhadoras Panhard saem da Ajuda rumo ao Terreiro do Paço. Seguem na coluna o "organizador da resistência" , Brigadeiro Junqueira dos Reis, o Coronel Romeiras Júnior, Tenente-Coronel Ferrand de Almeida e o Major Pato Anselmo.
25/4/74 - 07:00 - REGIMENTO DE CAVALARIA 7 - FORÇAS DO REGIME.
Avança pela Ribeira das Naus uma força de auto-metralhadoras Panhard comandadas pelo Ten.Coronel Ferrand de Almeida. O Cap. Salgueiro Maia coloca o Ten. Coronel Ferrand de Almeida perante o dilema de se render ou ter de disparar. O Ten.Coronel rende-se mesmo por baixo das janelas do Ministério do Exército de onde o Chefe de Gabinete do Ministro o incentivava.
25/4/74 - 10:00 - REGIMENTO DE CAVALARIA 7 - FORÇAS DO REGIME
Com a sua força já diminuida pela adesão ao Movimento do Asp. David e Silva e pela rendição do Ten.Coronel Ferrand de Almeida, o Brigadeiro Junqueira dos Reis divide a sua força em dois grupos, avançando com dois M/47 pela Avenida Ribeira das Naus, comandados pelo Asp. Sottomayor. Seguem também atiradores do RI1 da Amadora e uma pequena força de Lanceiros 2, segue como supervisor o Major Pato Anselmo. O Brigadeiro Junqueira dos Reis acompanha o força. O Cap. Salgueiro Maia segue em direcção à força com um lenço branco. O Brigadeiro ordena a Salgueiro Maia que vá para a retaguarda da sua força. Salgueiro Maia propõe que falem a meia distância das duas forças. O Brigadeiro ordena ao Asp. Sottomayor para abrir fogo sobre Salgueiro Maia, este recusa e de imediato ouve voz de prisão. Dá de seguida a mesma ordem aos apontadores dos carros de combate que também recusam. O Brigadeiro não conseguindo atingir os seus objectivos dirige-se para a Rua do Arsenal onde o resto da coluna se encontrava com o Coronel Romeiras.
25/4/74 - 10:30 - REGIMENTO DE CAVALARIA 7 - FORÇAS DO REGIME.
O Major Pato Anselmo é deixado sózinho pelo Brigadeiro, na Av. Ribeira das Naus. O Major Jaime Neves vai tentar obter a sua rendição, vai acompanhado pelo Cap. Tavares de Almeida e Asp. Miliciano Maia Loureiro. A rendição é rapidamente conseguida. As torres do dois M/47 são rodadas de 180 graus e o Movimento passa a contar com mais dois carros de combate. Todo o pessoal apeado também se entrega. Os dois carros dirigem-se de imediato para a Rua do Arsenal, onde se encontrava o que restava da força de Cavalaria 7.
25/4/74 - 12:00 - Escola Prática de Cavalaria (EPC)
Saindo do Terreiro do Paço a coluna de Salgueiro Maia, vai ser alvo de grande apoio dos milhares de pessoas que na baixa de Lisboa acompanhavam as movimentações militares. Chegando ao Rossio a coluna vai encontrar uma força do Regimento de Infantaria 1, comandada pelo Cap. Fernandes, que fora enviada para deter as forças do Movimento. O Cap.Fernandes vai colocar as suas forças à ordem do Movimento e seguirá à retaguarda da coluna da EPC.
25/4/74 - 12:15 - Escola Prática de Cavalaria (EPC).
Os blindados sobem com dificuldade as ruas íngremes da baixa lisboeta, rumo ao Largo do Carmo. São apoiados e aplaudidos por numerosos populares. Jornalistas seguem na coluna numa viatura militar disponibilizada por Salgueiro Maia.
25/4/74 - 12:30 - Escola Prática de Cavalaria (EPC).
Depois do curto, mas difícil trajecto em que os blindados venceram as ingremes e estreitas ruas , a EPC e reforços chegam ao Largo do Carmo, no meio de enorme entusiasmo da multidão. A força da EPC contava agora com dez blindados que são distribuidos pelos acessos ao Largo e frente aos portões do quartel. Os atiradores são colocados em locais chave por forma a cercar a zona.


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