Livro:
Título original: "Comme un Roman", editado em 1992 pelas Éditions Gallimard.
Em Portugal foi editado em 1993 (vai na 13ª edição) pelas Edições ASA com o nome "Como um Romance".
Tem 170 páginas. Preço: 6 €
Autor: Daniel Pennac, escritor e professor da sua língua-mãe - Francês.
Comentário: Não é um romance, não é uma novela, não é um conto. É um pequeno ensaio sobre a educação para a leitura que o autor, como pai/professor, aborda de um modo singular. Tem uma ideia-força: Ler pode ser um prazer e um prazer não se impõe.
Desta reflexão nasceram os "Dez direitos inalienáveis do leitor" que o autor explica um a um. São dez e não onze ou doze, talvez por analogia com os "Dez Mandamentos." Está bem escrito, com capítulos curtos, por vezes aparentemente desligados até apanharmos o fio condutor.
O autor defende que um leitor tem de ter prazer no que lê e demonstra que o verbo "Ler" é avesso ao imperativo e como tal não pode ser conjugado por obrigação.
O livro é uma declaração de amor ao acto de ler. Na leitura é necessário imaginar tudo... A leitura é um acto de criação permanente. É possível parar, reflectir, voltar atrás, recomeçar e tudo isto ao ritmo que nós quisermos. É na verdade um prazer, apesar da dita "falta de tempo" para a leitura.
Como diz Pennac:
" O tempo disponível para ler e o desejo de ler nem sempre coincidem. Porque, se virmos bem, ninguém tem tempo para ler. Nem os pequenos, nem os adolescentes, nem os adultos. A vida é um perpétuo entrave à leitura. O tempo para ler é sempre um tempo roubado. (Como aliás, o tempo para escrever, ou para amar.)"
A parte final do livro é dedicada aos direitos do leitor que o autor limitou a dez e onde explica os fundamentos de cada um deles:
"Em matéria de leitura, nós os «leitores», temos todos os direitos, a começar pelos que recusamos aos jovens que pretendemos iniciar na leitura.Direitos inalienáveis do leitor:
- O direito de não ler,
- O direito de saltar páginas,
- O direito de não acabar um livro,
- O direito de reler,
- O direito de ler, não importa o quê,
- O direito de amar os «heróis» dos romances,
- O direito de ler, não importa onde,
- O direito de saltar de livro em livro,
- O direito de ler em voz alta,
- O direito de não falar do que se leu."
Espero ter conseguido aguçar-vos o apetite para este delicioso e didáctico livro, principalmente aos que não são refractários à leitura e aos que têm filhos ou netos com menos de 11 anos.
Na classificação valorizei o tema e a maneira singular como este foi trabalhado.
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